Doença afeta o sistema nervoso central e, com o tempo, pode provocar a perda de memória
Diariamente, as pessoas fazem tarefas como alimentar-se, escolher uma roupa para vestir, participar de reuniões de trabalho, buscar os filhos na escola, ir à academia, entre tantas outras. Quem sofre de Esclerose Múltipla pode perder progressivamente a capacidade de realizar atividades cotidianas. Por isso, a Prefeitura de Hortolândia orienta a população sobre essa doença ainda pouco conhecida, por ocasião do Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, nesta quarta-feira (30/08) e da campanha “Agosto Laranja” de conscientização sobre a doença.
De acordo com a clínica geral do PADO (Programa de Atendimento Domiciliar), órgão da Secretaria de Saúde, a médica Marcia Chaparro, a Esclerose Múltipla é uma doença crônica autoimune do sistema nervoso central que causa lesões no cérebro e na médula espinhal. Doença autoimune é caracterizada por fazer as células do sistema imunológico atacarem o próprio organismo. No caso da Esclerose Múltipla, o sistema imunológico ataca a mielina, uma substância que envolve e protege as fibras nervosas, que são prolongamentos dos neurônios (células do sistema nervoso).
A doença apresenta sintomas variados, como cansaço intenso, dormência ou “formigamento” em membros, dor e/ou coceira nos braços e nas pernas, problemas de visão, fala lentificada e dificuldade para engolir. “Outros sintomas também são alterações de coordenação motora ou cognitivas (perda de memória). Em razão disso, a pessoa não consegue mais realizar tarefas diárias”, alerta a médica.
A clínica Marcia Chaparro salienta que a ciência ainda não descobriu qual é a causa da esclerose múltipla. Segundo alguns especialistas, a doença pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A doença acomete mais mulheres na faixa etária de 20 a 40 anos.
Alguns dos sintomas da Esclerose Múltipla são parecidos com os de outras doenças, o que pode confundir as pessoas. Por isso, a médica salienta que é importante procurar um médico para verificar se o diagnóstico é mesmo de Esclerose Múltipla ou de outra doença. A Esclerose Múltipla não tem cura, mas a médica ressalta que por meio de tratamento é possível diminuir os surtos e a progressão da doença, desde que seja feito o diagnóstico precoce.
A rede municipal de saúde de Hortolândia dispõe de neurologistas no Centro de Especialidades Médicas (CEM), que podem orientar pacientes sobre a doença e fazer encaminhamentos necessários. Inaugurado em 2015, o órgão realiza consultas, exames e pequenos procedimentos cirúrgicos em 18 especialidades médicas, mas para isso, a pessoa precisa ser encaminhada pelo médico da UBS (Unidade Básica de Saúde).
A dispensação de medicamentos para pacientes com a doença é feita pela Farmácia de Alto Custo, que fica na rua Vanderlei Costa Camargo, 58, Vila São Francisco. A Secretaria de Saúde reforça a orientação que a dispensação de remédios somente pode ser feita mediante apresentação da receita médica, e conforme os critérios da Farmácia de Alto Custo, que é um serviço do Governo do Estado.
QUATRO MESES
Foi graças ao diagnóstico precoce que a auxiliar administrativa Luana dos Santos Lima, de 24 anos, pôde iniciar logo o tratamento. Ela descobriu que tinha a doença em 2019, quando perdeu a sensibilidade do lado esquerdo do corpo. “Ao fazer os exames necessários, em quatro meses eu soube que tinha a doença”, conta Luana.
Luana destaca que tem conseguido conviver com a doença e manter seu ritmo de vida. “Vivo um dia de cada vez. Há dias que são bons, e outros não. Por isso, é importante procurar o médico assim que surgir algum sintoma da doença. Com o diagnóstico precoce, a pessoa consegue iniciar o tratamento e ter melhor qualidade de vida”, salienta a jovem.
O surgimento de um sintoma também fez a servidora municipal Mariana dos Santos Martins procurar ajuda médica. Há quatro anos, ela começou a sentir dormência no queixo, que logo se espalhou pelo rosto. Por meio de exames, Mariana também descobriu que tem a doença.
Recentemente, ela teve outro surto, que causou inflamação do nervo óptico do olho direito. “Quando trabalho no computador, tenho que usar óculos escuros porque a luz me incomoda muito”, explica Mariana. Apesar de todas as dificuldades, a servidora tem conseguido levar sua vida. “Tem que ter calma. No início, a doença assusta. Por isso, é importante procurar um bom médico e fazer o tratamento certo”, destaca a servidora.
Para ajudar outros moradores que, porventura, tenham a doença, Mariana e Luana criaram um grupo sobre Esclerose Múltipla. O objetivo é reunir pessoas para compartilharem suas experiências sobre a enfermidade. Para quem quiser entrar em contato com o grupo, pode fazê-lo por meio do telefone (19) 98851-2944.
- ESCLEROSE MULTIPLA
- Centro de Especialidades Médicas
- Farmácia de Alto Custo