Espaço “Leiturinha”, inaugurado nesta quinta-feira (14/09), conta também com sala reservada para Escuta Especializada de casos de abuso e violência
Em meio a dinossauros, princesas, fadas, duendes, heróis, heroínas e protagonistas de aventuras mágicas ou do dia a dia, crianças e jovens de Hortolândia, em tratamento médico, viajam no mundo da literatura e deixam de lado angústias e preocupações geradas pelo ambiente hospitalar. Esta é a proposta do espaço onde acontece o Projeto “Leiturinhas no Hospital”, inaugurado, na manhã desta quinta-feira (14/09), na Ala Pediátrica do HMMMC (Hospital Municipal e Maternidade) “Mário Covas”, no Jardim Mirante.
A ação, que busca ampliar o processo de humanização no atendimento em saúde, prestado pela Prefeitura, acontece por meio de parceria entre a Secretaria de Saúde, a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), o Instituto CPFL e a empresa CEC Brasil (Cultura Esporte e Cidadania).
A cerimônia festiva contou com a participação de dezenas de profissionais de saúde, assim como de representantes de todos os parceiros, dentre eles o médico e secretário adjunto de Saúde, Leandro Severino; Talita Pinotti, da CPFL; a diretora Kaline Rocha e a psicopedagoga Bábara Luise da Silva, da CEC Brasil; os diretores municipais Fátima Gomes (da Atenção Especializada) e Renato Lopes Machado (de Atenção Hospitalar de Urgência e Emergência e do SAMU); a presidente da Comissão Intersetorial de Monitoramento do Plano de Enfrentamento às violências à criança e ao adolescente, Jane Aparecida Nery de Carvalho, e a psicóloga Ana Denadai, militante na área de enfrentamento às violências desde 2009 e membro do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e da Comissão Intersetorial.
O médico Rodrigo Freire, do Núcleo de Apoio de Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde, representou o prefeito José Nazareno Zezé Gomes, que estava em outra agenda. Para ele, a abertura de um espaço acolhedor, voltado a pacientes, acompanhantes e também aos profissionais da saúde, suaviza a “violência” representada pela hospitalização. “Faz da internação algo saudável, para a criança e a família”, afirma o médico.
O Projeto acontecerá em dois espaços: um na Ala da Internação, ainda em reforma, e outro no do Pronto Atendimento, agora entregue. Neste, a sala do “Leiturinhas”, de 17,09 metros quadrados, toda decorada com adesivos coloridos, dispõe de tatames, pufes, estantes repletas de livros e jogos educativos, bem como conjuntos de mesas e cadeiras para crianças e adultos. Ao todo, o acervo dispõe de 850 obras com titulação diversa, de literatura nacional e internacional, incluindo áudio livros, materiais em Braille e publicações afro-indígenas. Além da consulta no próprio local, será possível solicitar também o empréstimo de obras para levar para casa.
“É ótimo este espaço. Quando internamos, no começo deste mês, não tinha ainda, mas improvisaram algo. Ela gostou tanto que nem queria ir embora. Ficou muito feliz. Até me pediu de presente o jogo ‘Pula-Pirata’, com o qual brincou aqui. Para nós, este espaço é um grande alívio”, comenta Suellen Garcia, de 25 anos, mãe de Manuela, de 2 anos, atendida no Hospital Municipal, após quebrar o braço na escola. A menina voltará ao Hospital em breve, para nova operação, já marcada.
“É muito legal! Tem muitos livros aqui”, afirma Vinícius Veríssimo, de 8 anos, hospitalizado para tratar de uma infecção. Segundo a mãe, Miriela Eleotério Veríssimo, de 27 anos, o garoto ficou muito nervoso e ansioso ao saber da internação por 14 dias. Ela acredita que a abertura do espaço de leitura amenizará a quebra na rotina e a saudade da escola e dos amigos. “É muito bom o espaço. Ele ficou todo feliz. É uma coisa boa para as crianças na internação, que ficam paradas, tomando medicação. Eles ficam entediados. É maravilhoso. Tem uma energia muito boa. É colorido e transparece alegria”, avalia a mãe.
Junto à sala de “Leiturinhas”, funcionará também outra sala, de 9,88 metros quadrados, reservada para atender crianças e jovens, vítimas de abuso e violência sexual. A equipe da Escuta Especializada, que atua em horários agendados, é formada pelos assistentes sociais Natália Iáconis e Cláudio Barros e pelos psicólogos Camila Reis e Aline Mursa.
“Agradecemos este presente para a nossa cidade e para as nossas crianças. Um espaço que também vai garantir o direito das nossas crianças, um espaço de voz e acolhimento”, afirmou a enfermeira generalista Fátima Gomes, ao anunciar a novidade aos presentes.
Lei da Escuta Protegida
A criação de uma sala reservada, no Hospital Municipal, para atendimento de crianças e jovens vítimas de violência, é mais uma ação, em realização pelo Executivo Municipal, no sentido de enfrentar a violência sexual contra o público infantojuvenil no município, fortalecendo ainda mais a rede de proteção, dentro do Sistema de Garantia de Direitos.
O serviço de Escuta Protegida é regulamentado pela Lei Federal nº 13.431/2017, de Prevenção e enfrentamento às violências contra crianças/adolescentes. A implantação da Lei da Escuta Protegida tem como principal objetivo não revitimizar crianças e adolescentes submetidas a quaisquer tipos de violência, oferecendo a elas acolhimento e encaminhamento corretos, medidas de extrema importância para a proteção.
Hortolândia criou em setembro de 2021, por meio do Decreto Municipal nº 4866/2021, de 14/09/2021, o “Plano Municipal de Enfrentamento das Violências contra crianças e adolescentes” e outros dois documentos complementares: o “Diagnóstico Social da Infância e Juventude da Cidade de Hortolândia” e o “Fluxo Intersetorial de Atendimento às violências contra crianças e adolescentes”. Desde então, a Prefeitura tem realizado formações sobre o tema, voltadas ao funcionalismo público e também à sociedade civil.
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